O Eterno Retorno: Duas Visões (Anão vs. Zaratustra)

1. O Anão e o Eterno Retorno do “Sempre Igual”
No capítulo “A Visão e o Enigma”, Zaratustra encontra um anão (o “Espírito da Gravidade”) que interpreta o eterno retorno como:
- Ciclo vazio: “Tudo é igual, tudo já foi, tudo se repete mecanicamente”.
- Fatalismo: Nada muda, não há saída — é uma prisão de repetição.
- Niilismo: Se tudo volta igual, por que tentar? O anão encolhe diante dessa ideia.
Símbolo: O anão é o passado que pesa, a visão que paralisa. Ele vê o tempo como uma serpente mordendo a própria cauda (Ouroboros), mas sem transcendência.
**2. Zaratustra e o Eterno Retorno da *Inovação***
Para Zaratustra, o eterno retorno é exatamente o oposto:
- Cada retorno é único: A areia do relógio brilha diferente a cada ciclo.
- Criar é resistir: Se tudo voltar, você deve inventar novos significados a cada vez.
- Amor fati (amor ao destino): “Quero que cada momento queime tão intensamente que valha a pena repeti-lo”.
Símbolo: A criança (terceira metamorfose) que dança no abismo, transformando o “mesmo” em jogo criativo.
3. A Dualidade na Imagem do Relógio de Areia
- Areia que cai:
- Para o anão: É sempre a mesma areia (monotonia).
- Para Zaratustra: Cada grão é uma chance nova (o “mesmo” rio nunca é o mesmo).
- Cenas dentro da ampulheta:
- Guerras/festas/nascimentos não são idênticos — há nuances, escolhas, mudanças sutis.
4. Nietzsche Contra o Anão (Na Prática)
- Anão: “Sua vida vai se repetir? Que horror!”
- Zaratustra: “Minha vida vai se repetir? Que oportunidade! Farei melhor, amarei mais, criarei o novo no velho.”
5. Relevância Hoje
- Rotina vs. Reinvenção:
- O anão está nos que dizem “sempre foi assim”.
- Zaratustra está nos que reinventam o cotidiano (arte, tecnologia, relações).
- Ecologia:
- O anão vê a destruição ambiental como “ciclo inevitável”.
- Zaratustra age para repetir um futuro melhor.
Frase-Chave:
“O eterno retorno do anão é um peso; o de Zaratustra, um convite à dança.”
Como Representar em Arte?
- Dois relógios de areia lado a lado:
- Um com areia escura, caindo sobre um anão acorrentado.
- Outro com areia luminosa, alimentando as mãos de Zaratustra que moldam uma escultura nova.
Essa é a genialidade de Nietzsche: o mesmo conceito, dois destinos. O que você escolhe?